domingo, 8 de novembro de 2009

Inquietações

Pode-se considerar uma ação alfabetizadora que tome como ponto de partida o que os adultos não-alfabetizados sabem, em lugar de partir do que ignoram?

Sem dúvida que pode. Imagine se uma criança traz uma bagagem de conhecimento de casa, da mesma forma e com muito mais experiências, o adulto tem sua quota de informação. Para uma aprendizagem significativa é sempre relevante se partir daquilo que já se experienciou.

Não será acaso nossa própria ignorância sobre o sistema de conceitos desses adultos o que nos leva a tratá-los como se fossem ignorantes?

Realmente, nossa ignorância sobre o sistema de conceitos desses adultos pode atrapalhar a relação e o trato, uma vez que eles têm muito a nos ensinar. Aliás, o respeito é premissa para qualquer relação.


O respeito à pessoa não-alfabetizada pode ser um enunciado vazio quando não sabemos o que é que se deve respeitar?

Quanto ao respeito à pessoa não-alfabetizada, penso que é importante sabermos o significado do conceito. Muitas pessoas não sabem ler nem escrever, mas sabem atuar no mundo, relacionar-se com outras pessoas. O que diferem elas das demais, no meu ponto de vista, é que são pessoas incompletas na sua escolaridade e devem se sentir assim. Pois quando assistimos depoimentos de pessoas adultas que foram alfabetizadas, a emoção é inexplicável.

O que podes dizer a respeito de tua comunidade? Que necessidades observas em tua comunidade? Como elas podem ser resolvidas ou reduzidas no que se refere à educação de jovens e adultos?


Pelo que observei, havia uma turma de EJA funcionando na comunidade e a mesma fechou na semana passada. Parece que é por falta de clientela. Na realidade existem muitos adultos analfabetos que não foram alcançados. Penso que há certo descaso em relação a essas pessoas. Também alguns pensam ter passado da idade e preferem, por comodismo, não buscar a formação. A resolução desses casos deve partir de uma busca a nível municipal, um censo, para averiguar o número de pessoas analfabetas. Poderiam criar salas de auxílio, penso que não com uma freqüência diária, mas duas ou três vezes na semana. Esse intervalo causaria expectativa e ansiedade, não tomaria todo o tempo ocioso da noite, uma vez que muitos são trabalhadores. Penso que eles devem ter um descanso, até para desenvolverem alguma atividade escolar em casa.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Maria Lucia! Essa postagem que trouxeste foi uma atividade de EJA? Que tal apliá-la comentando sobre as tuas aprendizagens ao relizá-la? Abração!!