domingo, 4 de novembro de 2007

Currículo, Didática e Projeto Político-Pedagógico

Inicialmente pensava Currículo como a compreensão de todas as ações realizadas entre o pensar e o fazer, buscando uma relação do teórico com o prático, do que está dentro de quatro paredes com o mundo. Envolve uma gama de conhecimentos e habilidades. Vai desde a maneira como eu recebo meus alunos até a hora em que me despeço. Tudo o que acontece entre o “oi” e o “tchau” é afetividade, é solidariedade, é aprendizagem.

Percebo que Currículo vai mais além, pois é um percurso que realizamos a partir de um conjunto de disciplinas que deverão ser pensadas, organizadas, ministradas e agregadas aos saberes trazidos pelo aluno para transformá-los em conhecimento.


"O currículo aparece, assim, como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações" O currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise prática? Compreender e Transformar o Ensino. Porto Alegre, Armed, 2000:46.

Quando pensei em Didática como o fazer pedagógico, o processo de ensino-aprendizagem, onde se ensina algo, trabalha-se com intuito de fixação, faz-se uma relação com a realidade buscando uma aplicação, daí pela compreensão, aprende-se; ou a maneira como apresentamos o conhecimento ou que levamos o aluno a refletir sobre os conhecimentos apresentados levou-me a reflexão de que a Didática envolve a arte e a técnica de orientar a aprendizagem. Nesse sentido é importante antecipar a ação através do pensamento de como fazer, organizar o tempo de explanação e das atividades, propiciar um acompanhamento agradável, provocando reflexões, gerando desacomodação, levando o educando na busca do conhecimento e entendimento do mundo.

Há uma didática implícita na orientação do trabalho escolar, pois, de alguma forma, o professor se põe diante de uma classe com a tarefa de orientar a aprendizagem dos alunos. A atividade escolar é centrada na discussão do meio socioeconômico e cultural, da comunidade local, com seus recursos e necessidades, tendo em vista a ação coletiva frente a esses problemas e realidade. O trabalho escolar não se assenta, prioritariamente, nos conteúdos de ensino já sistematizados, mas no processo de participação ativa nas discussões e nas ações práticas sobre questões da realidade social imediata”. LIBÂNEO apud BOMFIN (1995, p. 83) in Pedagogia no Treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995.

Projeto Político-pedagógico vem a ser todas as ações pensadas pela comunidade escolar, buscando melhorias tanto na parte física como na parte pedagógica da escola. Uma escola que não trabalha com projetos educacionais que visem uma integração com a comunidade, pode pensá-lo e realizá-lo. Mesmo porque é necessário que haja ações nesse sentido, integrar comunidade e escola.

“A autonomia da escola é, pois, um exercício de democratização de um espaço público (...) A autonomia coloca na escola a responsabilidade de prestar contas do que faz ou deixa de fazer, sem repassar para outro setor essa tarefa e, ao aproximar escola e famílias, é capaz de permitir uma participação realmente efetiva da comunidade, o que a caracteriza como uma categoria eminentemente democrática.” VEIGA, 2000. Página 99

São muitas as ações possíveis e palpáveis, porém devem ser pensadas por todos os segmentos da escola.

Vai desde ações pedagógicas a reformas e construções, sempre visando o bem-estar e a aprendizagem daqueles que usufruem a escola. Em tempos de inclusão, também é importante adequar o ambiente escolar a nova realidade.

Nele está contido a filosofia da escola e as funções de toda a comunidade escolar através de seus segmentos.

É um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito, quando, de que maneira, por quem, para chegar a que resultados. Além disso, explicita uma filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade da escola, traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso com a clientela. É a valorização da identidade da escola ... (grifo nosso) “VEIGA, 2000. Página 110”.

Assim, o Currículo e a Didática estão contemplados no Projeto Político-pedagógico, porque é necessário que a escola seja pensada como um todo e tenha sua função bem clara e descrita no PPP. Este Projeto Político-pedagógico deve ser o retrato fiel do pensamento de todas as pessoas envolvidas na escola. Da mesma forma, este documento não pode ser guardado ele precisa ser vivenciado, avaliado, redimensionado, sempre.

“O projeto político-pedagógico busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sócio - político e com os interesses reais e coletivos da população majoritária”.

“(...) Na dimensão pedagógica reside à possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de se definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.” VEIGA, Ilma Passos A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola. Campinas: Papirus, 1995.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Maria Lúcia, que bela retomada do trabalho de reflexão feito no começo da interdisciplina! Acredito que nesse momento tiveste a oportunidade de revisitar conceitos e dialogar com as propostas dos autores que troxeste nessa tua postagem. Abração, Sibicca